DIÁLOGOS PELA SAÚDE

Epidemia do vírus Zyca no centro das atenções dos vereadores

Na manhã de quinta-feira (25 de fevereiro), ocorreu mais uma sessão na Câmara Municipal de Vereadores de Itapecuru-Mirim. Ronilson Costa Cardoso (PSD) e Antonio Cardoso (PPS) não compareceram. No ato, foi confirmado que será entregue o título de cidadã itapecuruense à vereadora Edna Teixeira Martins (PC do B), que é natural do município de Arari (MA).

Sem primeiro, nem segundo expediente, a palavra foi facultada logo para as defesas pessoais. Como de costume, José Carlos de Araujo Vieira Junior (PTC) foi o primeiro a falar, e seu discurso logo se transformou em um verdadeiro debate. Porém, engana-se quem acha que a discussão se sustentou em troca de ofensas. Em um raro momento de consenso em um mandato quase findando, os vereadores decidiram dar as mãos para resolver o atual caos da saúde que assola o país, e que não deixou Itapecuru de fora.

Carlos Junior afirmou que se sente muito orgulhoso por fazer parte do Governo Flávio Dino, a quem ele tem muito respeito e admiração, por não aceitar corrupção e ter tolerância zero com os atos ilícitos. Mesmo assim a gestão estadual tem sido alvo de críticas na Câmara, como a denúncia de que cirurgias estavam sendo preteridas no Hospital Regional Adélia Matos Fonseca, em uma jogada considerada política por quem testemunhou o fato. O vereador relatou que não quis se abster de sua função pública, e ao lado da vereadora Edna, foi conversar com o diretor do hospital, Raimundo Fonseca, para cobrar-lhe explicações. Segundo o líder da oposição, o que ficou constatado é que há um livro onde são inscritas as pessoas para passarem por procedimentos cirúrgicos, porém a ordem de atendimento pode ser modificada de acordo com a gravidade da situação, mas que mesmo com o esclarecimento, o diretor se propôs a fiscalizar. “Ele disse que irá apurar as reclamações e tomar as providências. Hospital não é campo político. Mesmo sendo da base, nós exercemos o nosso papel. Os vereadores da base governista municipal também deviam fiscalizar a cidade”, disse o vereador.

Voltando a enaltecer o programa “Diálogos por Itapecuru”, do PC do B, Carlos Junior disse que o objetivo do Governador Flávio Dino é que os municípios vão em busca de projetos políticos e não de um candidato. Sobre o amparo que Itapecuru recebe, ele parabenizou os Deputados Federais João Castelo e José Carlos, por já terem conseguido quase R$ 2.000.000,00 em recursos para o município. Diante do fato, ele não deixou de criticar um outro parlamentar. “Junior Marreca disse que ia mandar R$ 1.000.000,00 para Itapecuru, mas parece que só veio R$ 200.000,00. Ficamos tristes, pois sempre tivemos um sonho de ter um deputado da cidade, mas isso já virou foi um pesadelo”, afirmou Carlos Junior.

Sobre a questão da saúde, ele afirma que o Prefeito Magno Amorim não tem um grupo político e isso faz a população “pagar o pato” por brigas entre lideranças. Diante disso, ele cita o fato do Ex-Secretário Estadual de Saúde Ricardo Murad ter optado pela construção de um hospital mais completo em Matões do Norte, e não em nosso município. Assim, Carlos Junior afirma que muitos órgãos estaduais trabalhavam de maneira irregular, e se tal situação ainda persistir, mesmo que envolva o nome de seus pais, ele irá diligenciar e ir atrás de soluções. 

A partir daí, o debate engrossou em torno da situação da saúde. Os vereadores que apoiam Flávio Dino reconhecem que o Hospital Adélia Matos Fonseca já está superlotado com pacientes afetados pela dengue, pelo zyca e chikungunya, mas mesmo assim apontam que postos da saúde municipais fechados contribuem com isso. “O diretor do Hospital já pensa em convocar o Corpo de Bombeiros para a instalação de tendas móveis, por falta de leitos”, disse Carlos Junior. Aldeiran dos Reis Conceição reafirmou a situação caótica, alertando que em 24 de fevereiro buscou atendimento para a sua filha. Eliane Cardoso Santos (PTB) discordou de Carlos Junior, alegando que os primeiros sintomas das doenças supracitadas não são de atendimento em postos de saúde, e sim no Hospital, logo não se justifica a defesa que ele e Edna fazem.

Visivelmente indignado, José de Arimateia Costa Junior (PDT) não puxou lado político, mas ficou se perguntando porque os Hospitais Estaduais, que recebem os contaminados, não notificam o Ministério da Saúde dos problemas que o município passa. Nesse ponto, Carlos Junior alertou que é uma situação em que a Constituição Federal atrapalha o caso, pois ela coloca no município a responsabilidade em fazer os exames e notificar o órgão federal do caos. Logo, ali eles concluíram que um grande empecilho tem sido a burocracia. “O município não faz os exames e não notifica o Ministério. Logo, presume-se que está tudo ok na cidade. Se o diretor do hospital contratar carros que espalham veneno tóxico que mata os mosquitos, ele pode responder judicialmente por isso, apesar da boa intenção”, disse o oposicionista, que voltou a criticar o Ministério Público por não estar fazendo cobranças. 

Afirmando o estado de calamidade que a cidade passa, o Presidente Costa disse que vai solicitar para a semana que vem a presença de Raimundo Fonseca (Diretor do Hospital), o Gestor Regional de Saúde Raimundo Índio do Brasil Bandeira de Melo e a Secretária Municipal de Saúde Flávia Bezerra, para que sejam discutidas maneiras de combater o aedes-aegypt, e fazer dessa iniciativa um projeto para o povo, sem cunho político. José de Arimateia de Brito (PT) sugeriu contratação de novos profissionais da saúde. Os vereadores da oposição, mesmo contra contratos, apoiaram a ideia e vão se aliar aos demais para a resolução da situação.

Matéria Extraída do site do Itapecuru Agora