Exposição “Universo de Cores” de Beto Diniz

Em tributo aos 142 anos de Itapecuru Mirim

O artista plástico Beto Diniz começou a pintar profissionalmente aos 16 anos e descobriu que com o talento para as artes plásticas precisava ir mais longe. Desde então,  deixou mais os pincéis de lado. De lá para cá já produziu mais de 150 quadros. Seu estilo é contemporâneo, seguindo em muitas obras a vertente do neosurrealismo com a técnica óleo sobre tela.

Natural do município de Itapecuru Mirim, o artista inaugurou dia 14 uma exposição em homenagem aos 142 anos de sua terra natal. A exposição, intitulada Universo de Cores, permanecerá em cartaz até o dia 21, na Biblioteca Pública Benedito Bogéa Buzar, nesta cidade. Beto Diniz, hoje com 36 anos, é membro da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes, que tem como presidente o imortal Benedito Buzar. Diniz ocupa a cadeira de número 5, cujo patrono é Joaquim Gomes de Souza.

Formado em Pedagogia, ele desenvolve trabalho de arte-educação no Centro de Referência Especializado de Assistência Social  no município, emprestando um pouco do seu talento no campo das artes para ajudar a crianças e adolescentes. “É um trabalho social, que também ajuda a jovens vítimas das drogas. Procuro fazer a minha parte e com arte”, disse Beto Diniz.
“Universo de Cores” retrata, segundo o artista, entre outras coisas, a essência do neosurrealismo. São 30 quadros de tamanhos variados e diferentes títulos, entre eles Desilusão da ilusão. O trabalho do Itapecuruense chamou a atenção do artista plástico Jesus Santos, que fez questão de apresenta-lo à reportagem de O Estado. O mestre Jesus Santos ficou impressionado com o talento do artista  elogiando muito  suas telas.

“Apresento também paisagens e obras figurativas”, informou o artista plástico, que já realizou outras exposições em Itapecuru, Balsas e em São Luís, a exemplo de uma que apresentou no Odylo Costa Filho. Alguns de seus quadros já foram enviados para outras cidades e países, entre eles Itália e Alemanha.Na exposição, Beto Diniz apresenta um recorte de seu trabalho. Obras como as telas alusivas ao bumba meu boi e ainda as sacras como uma tela na qual o artista retrata Jesus mostram seu lado figurativo. O abstracionismo também tem lugar na mostra com telas nas quais o artista lança mão de cores e movimentos feitos a partir de pinceladas precisas.

Incursionando pelo neosurrealismo, Beto Diniz apresenta telas nas quais se podem ver influência de mestres do surrealismo como Joan Miró e Salvador Dalí, mas que trazem peculiaridades como o uso de cores telúricas e imagens que carregam uma significação proveniente das vivências e sonhos do autor.Início – Beto Diniz nasceu em 22 de junho de 1976. Nos primeiros anos da adolescência, ele começou a ganhar seus primeiros trocados com desenhos e percebendo que podia profissionalizar-se, conjugando o prazer de produzir a uma profissão, buscou o aprimoramento de suas habilidades naturais.

Aos 16 anos, pintou seu primeiro quadro como profissional: uma releitura de A Santa Ceia, de Juan de Juanes, pintor renascentista. O início de sua trajetória foi caracterizado pela arte sacra, onde executou dezenas de obras que retratavam passagens bíblicas e de santos populares. Hoje, predominam em suas obras todos os tipos de influências contemporâneos.

Beto é presidente do Conselho Municipal de Cultura, foi professor de Artes no Colégio Leonel Amorim e na Escola Paroquial São Vicente de Paulo. Foi também presidente da Associação dos Artistas Plásticos e Artesãos de Itapecuru Mirim. Ao lado de artistas desta associação, realizou em 2000 a restauração dos altares mor e das imagens sacras da igreja matriz Nossa Senhora das Dores, que são um patrimônio histórico e artístico daquele município. Além disso, ele restaurou a imagem de Nossa Senhora das Dores que fica nos jardins da igreja matriz.Em 2002, o Itapecuruense recebeu convite para realizar oficinas de artes visuais na Semana da Juventude nos municípios de Alto Parnaíba, Balsas e Santa Filomena (PI), culminando com grandiosas exposições do próprio artista e dos alunos.

Fonte: O Estado do Maranhão – São Luís, 14 de julho de 2012

ITAPECURU MIRIM: 142, 195 ou 211 ANOS ?

BENEDITO BUZAR
Itapecuru Mirim, até antes de alcançar o status de cidade, o que só ocorreu na segunda metade do século XIX, teve em sua trajetória histórica fases administrativas distintas, que mostram a evolução pela qual passou ao longo do tempo.
Do ponto de vista cronológico, a primeira manifestação da Coroa de Portugal, com relação às povoações situadas na ribeira do Itapicuru, ocorreu, em 1630, por iniciativa de Bento Maciel Parente, futuro governador e capitão-general do Estado, que pediu para subdividir a capitania do Geral do Maranhão em quatro.
Uma delas ficou na ribeira do Itapicuru, para conter a invasão estrangeira nas terras maranhenses, em processo de franca expansão econômica, pela fertilidade de suas terras, piscosidade de suas águas, abundância de caças em suas margens, quantidade de gado e implantação de numerosos engenhos.
FREGUESIA DE ITAPECURU MIRIM
O segundo passo dado pela Corte lusitana, para dotar a povoação de uma estrutura administrativa mais organizada, deu-se em 25 de setembro de 1801, por Provisão Régia, que autorizou a criação da Freguesia de Itapecuru Mirim, para ficar sob as bênçãos de Nossa Senhora das Dores e não ser confundida com a Freguesia do Rosário do Itapecuru Grande, da qual se desmembrara.
A criação da Freguesia do Itapecuru Mirim deveu-se às condições orgânicas da sua povoação, que atingira um nível satisfatório de desenvolvimento e razoável expressão demográfica, bem como da existência de uma capela, cujo vigário era Antônio Fernandes Pereira.
FUNDAÇÃO DAVILA
A terceira etapa, que representa a evolução administrativa da povoação, então conhecida por Arraial da Feira, para se transformar em vila, surgiu na segunda metade do século XVIII, quando várias petições foram encaminhadas ao governo de Portugal.
Segundo o livro História da Independência da Província do Maranhão, de Luis Antônio Vieira da Silva, as ações voltadas para a fundação da vila de Itapecuru começaram em 17 de novembro de 1751, quando o governador Luis de Vasconcelos Lobo dirigiu ao rei D. José uma carta com 1094 nomes, pedindo a fundação de uma vila, pois assim os moradores “serão mais bem governados e mais bem administrados”.
A solicitação não foi levada na devida conta pela realeza portuguesa. Segundo César Marques, no seu Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão, só em “25 de agosto de 1768, D. José fez saber ao governador do Maranhão que os moradores da ribeira do Itapecuru lhe pediram em 12 de setembro do ano próximo passado, alvará de confirmação da vila”.
Frustradas as primeiras tentativas para a fundação da vila de Itapecuru Mirim, só 49 anos depois, o assunto voltou a ser objeto de apreciação de Sua Majestade. Desta feita, por meio de um ilustre e rico cidadão lusitano, que se fazendo intérprete dos anseios da povoação, fez ver ao rei que estava em condições de materializar aquela empreitada.
Louvado ainda em César Marques, “pela Provisão Régia de 27 de novembro de 1817, D. João VI fez saber ao ouvidor da comarca do Maranhão, que sendo obrigado José Gonçalves da Silva, Fidalgo da Casa Real, pela mercê que lhe fez fundar à sua custa uma vila em terras que possuía nessa Capitania, e atendendo ao que os moradores do Itapecuru lhe representassem havia por bem, sem embargo de não possuir ele terreno próprio nesse lugar, consentir que aí verificasse a vila que devia fundar, comprando ou aceitando as terras necessárias, que lhe oferecessem os moradores”.
Depois de cumpridas as recomendações régias, dando conta da presença de trinta casais brancos e da construção das casas destinadas à Câmara, cadeia e oficinas, o Procurador do Fidalgo, Antônio Gonçalves Machado, em 20 de outubro de 1818, recebeu ordem para a fundação da vila.
No ano seguinte, em 20 de novembro de 1818, afirma César Marques, “quando aí existia uma povoação, composta de 138 fogos (casas), 767 almas, na Praça da Cruz, onde se achava o desembargador, ouvidor e corregedor da Comarca de São Luís do Maranhão, Francisco de Paula Pereira Duarte, e presentes o dito Alcaide-Mor, por seu Procurador, Antonio Gonçalves Machado, o clero, a nobreza e o povo, leu-se em voz alta e inteligível a Provisão de 27 de novembro de 1817, expedida em conseqüência do Decreto de 14 de junho do dito ano, e despacho da Mesa de Desembargo do Paço de 17 de julho e 24 de novembro do mesmo ano, determinando a criação dessa vila”.
FUNDAÇÂO DA CIDADE
Enquanto vila, Itapecuru Mirim, teve papel importante em dois momentos relevantes da História do Maranhão: nas lutas pela Independência do Brasil e na Guerra da Balaiada.
Em julho de 1823, foi palco de batalhas que resultaram na formação da Junta Provisória que proclamou a adesão do Maranhão à Independência; em abril de 1842, serviu de cenário do julgamento, condenação e enforcamento de Cosme Bento das Chagas, que se proclamava o tutor e imperador das Liberdades Bem-Te-Vis.
Anos depois desses marcantes fatos históricos, ainda na vigência do regime imperial, registrava-se um ato de transcendental importância, para a população itapecuruense.
No exercício da presidência da Província do Maranhão, José da Silva Maya, no dia 21 de julho de 1870, sancionava a Lei nº 919, votada e aprovada pela Assembléia Legislativa Provincial, elevando à categoria de cidade a vila de Itapecuru Mirim, status político-administrativo que o regime republicano, instaurado em 15 de novembro de 1889, manteve e que até os dias correntes é comemorado festivamente pelas autoridades e pelo povo.
Nestes 142 anos de cidade, Itapecuru foi administrada por cinco presidentes da Câmara Municipal, cinco intendentes nomeados, oito intendentes eleitos, uma junta governativa, seis prefeitos nomeados e dezoito prefeitos eleitos.
BENEDITO BUZAR, jornalista e presidente:  da Academia Maranhense de Letras e da Academia Itapecuruense de Ciências Letras e Artes – AICLA



      TRANSFORMAÇÃO DA VILA  ITAPECURU  EM CIDADE.
            LEI Nº 919 – DE 21 DE JULHO DE 1870
o dr. josé da silva maya, vice- presidente da província do maranhão. faço saber a todos os seus  habitantes que a assembléia legislativa provincial decretou e eu sancionei a lei seguinte:
art. 1º. fica elevada a cathegoria de  cidade a villa do itapecuru-mirim, com o titulo do mesmo nome.
art. 2°. ficão revogadas as disposições em contrario.
mando, portanto, a todos as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cumprão  e façÃo cumprir, tão inteiramente como n`ella  se contem. o secretario do governo a faça imprimir, publicar e correr. palácio do governo do maranhão aos vinte e um dias do mês de julho de mil oitocentos e setenta, quadragésimo nono da independência e do império.
                        JOSÉ  DA SILVA MAYA.